Basta doer para curar o que se quer sarar da dor que se há de sofrer
Basta sentir o que se procura viver para que se possa existir
Em qualquer contexto do que foi eleito na convicção do peito
Basta olhar neste olhar tristonho de quem sonha, sonhou e acalentou
Todas as esperanças e ideais permitidos à imaginação insólita
Basta penetrar no mundo das aspirações indômitas, mas queridas
A todo custo para se realizar e amenizar o doer, o sofrer, o rigor da dor
Basta estar sentindo a aspereza e a severidade implacável da vida
Que se apresenta bondosa, branda, benevolente, indulgente, tudo só
Na aparência como que a transpirar a clemência do natural existir
Basta nascer bruto na rudeza da terra causticante desse torrão norte
Sentir o cheiro, o aroma e a fragrância dos humores do chão cru
Basta ser o ser ambulante de todas as histórias dessa raça cabocla
Mas distinta do querer por tudo, mas ordeira, cumprideira e resignada
Basta entender que há hora para todas as horas se encontrarem dentro
De si mesmo a confirmar que essa dor enorme tem fim, mas requer
Antes de tudo que o peito acalente e reconheça que valeu doer, sofrer
Conviver com essa persistente idéia da procura insistentes dos sonhos
Onde quer que eles possam se encontrar mas que faça com que se tornem
Amenas as agruras insistentes que assolam os corações doídos dos
Indomáveis filhos dos sertões sertanejos onde a dor dói mais por doer
Tanto que se torna calejada, mas que é uma dor inclemente.
Rio, 03/12/2005.
EMMANUEL AVELINO
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